A cibersegurança representa um dos pilares essenciais da TI, inclusive, por causa do aumento significativo de ameaças virtuais nos últimos meses. De acordo com as práticas dessa área, encontram-se aquelas associadas aos Pentests e as ligadas à Análise de Vulnerabilidades, que, juntas, compõem uma estratégia indispensável para uma segurança da informação mais estratégica e efetiva.
Como exemplo da progressão exponencial de corrompimento das infraestruturas de redes corporativas, segundo dados da Check Point Research, o primeiro semestre de 2024 registrou um crescimento de 67% de ciberataques no Brasil. O número acompanha também a tendência de especialização e maior propagação dos incidentes de rede através da Inteligência Artificial. De acordo com dados do The State of Cybersecurity in LATAM 2024, somente em 2023, 55% das empresas brasileiras conviveram com ataques alimentados por IA.
Ou seja, pensar em um plano de ações de cibersegurança e no investimento nesse setor nunca foi tão importante. Sabendo disso, a Escola Superior de Redes (ESR) discorreu sobre os conceitos Pentest e Análise de Vulnerabilidades no seu último webinar gratuito.
Descubra os principais pontos abordados nesse evento online ao longo do presente artigo. Afinal, quando usar Pentest ou a Análise de Vulnerabilidades?
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O que é o Pentest?
O Pentest, ou Teste de Penetração, é utilizado para identificar fraquezas e superfícies de ataque e para reconhecer as potenciais ameaças de um negócio digital, assegurando que os profissionais de TI possam desenvolver controle sobre a operação e a sua respectiva implementação, a fim de alcançar uma rede mais segura e estável.
Na prática, Pentest é definido como um processo sistemático de avaliação da segurança de um sistema ou rede realizado por profissionais especialistas. Envolve a tentativa de explorar vulnerabilidades reais, buscando identificar formas de acesso não autorizadas.
Nessa dinâmica, por meio do pentest, ao encontrar uma vulnerabilidade crítica, o profissional consegue combatê-la antes mesmo de um relatório final de atividades suspeitas e pontos de atenção ser elaborado.
Além disso, o Teste de Penetração é dividido nos seguintes tipos:
- Pentest Interno (White Box) – é realizado no interior da organização, com acesso a informações sobre a infraestrutura dos sistemas;
- Pentest Externo (Black Box) – é executado do exterior, por meio da simulação de um ataque de um invasor sem o conhecimento prévio da rede ou dos sistemas. Nessa sistemática, é necessária também a adoção de outros princípios, como o do Least Privilege (Princípio do Menor Privilégio);
- Pentest Híbrido (Gray Box) – combina elementos dos testes interno e externo com um nível intermediário de informações sobre a infraestrutura.
Para saber qual utilizar em uma estratégia de segurança, é necessário avaliar quais os objetivos e resultados esperados no processo de aplicação de teste de penetração, observando a gestão de riscos e o mapeamento de ativos da empresa.
Fases do Pentest
Para ser estruturado, o teste de penetração conta com fases bem definidas, que devem ser observadas pelo profissional especializado nessa carreira. São elas:
- Escopo – essa fase visa definir o escopo, os objetivos, a metodologia e o cronograma do Pentest. Nela, o profissional vai identificar, por meio de um mapeamento, qual é realmente a superfície de ataque da rede, fechando lacunas e direcionando o melhor tipo de Pentest a ser aplicado, além de entender quais serão as melhores ferramentas para realizar esse processo.
- Reconhecimento – trata-se da coleta de informações sobre o alvo, como endereços IP, serviços e vulnerabilidades conhecidas. Nessa etapa, os especialistas utilizam técnicas avançadas para mapear e detectar as falhas de segurança nos sistemas das redes das organizações. Uma vez identificadas as fragilidades, o profissional de TI consegue criar hipóteses de aplicabilidade dos riscos para explorá-las na prática posteriormente. É uma fase que consome grande parte do Pentest, pois quanto mais detalhado o reconhecimento, maiores são as chances de descoberta de fraquezas a serem exploradas.
- Exploração – representa a tentativa prática de explorar as vulnerabilidades identificadas nas etapas anteriores, a fim de obter acesso não autorizado.
- Análise de Impacto – nessa fase, o profissional de TI pode elaborar uma análise de impacto da exploração, destacando quais são as informações e os dados corrompidos nesse processo; por exemplo, aqueles protegidos pela LGPD.
- Recomendações – na etapa seguinte, ocorre o desenvolvimento de um plano de mitigação das falhas encontradas, com sugestões de medidas corretivas e a respectiva fundamentação.
- Relatório – todo esse processo dá origem a uma documentação detalhada dos resultados do Pentest, priorizando uma apresentação das vulnerabilidades mais críticas. É necessário, contudo, criar uma linguagem que seja acessível tanto para o gerente quanto para o técnico que executará as correções, já que o objetivo do relatório de Pentest é documentar todo o processo realizado, desde o planejamento até os resultados e as recomendações finais. Portanto, o relatório inclui uma análise detalhada das vulnerabilidades identificadas, os riscos e o impacto potencial para a organização, além de recomendações de melhorias. Com base nos resultados, o relatório apresenta um plano de ação com medidas claras para a mitigação das vulnerabilidades e orientações estratégicas para a melhoria contínua da segurança da organização.
Benefícios do Pentest
- Identificação proativa de vulnerabilidades
O pentest permite identificar falhas de segurança antes que sejam exploradas por invasores, possibilitando a implementação de medidas corretivas.
- Melhoria da postura de segurança
Os resultados do Pentest ajudam a organização a fortalecer o próprio controle de segurança e a reduzir o risco geral de ataques cibernéticos.
- Conformidade e atendimento à regulações
A realização periódica de pentest é, muitas vezes, exigida por regulações de segurança, como PCI, DSS e HIPAA, gerando conformidade.
- Treinamento e capacitação da equipe
O Pentest envolve a participação da equipe de segurança, proporcionando oportunidades de aprendizado e desenvolvimento de habilidades.
Limitações do Pentest
Apesar dos muitos benefícios, o Pentest também possui algumas limitações, como:
- Concentra-se apenas em vulnerabilidades conhecidas, não detectando ameaças avançadas ou ataques sofisticados.
- Além disso, é um exercício pontual que não substitui uma abordagem de segurança contínua proativa, ou seja, faz parte de uma estratégia de segurança que não se reduz a uma única medida.
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O que é a Análise de Vulnerabilidades?
Assim como o Pentest, a Análise de Vulnerabilidades envolve um mapeamento detalhado e sistemático das fragilidades em sistemas, redes e aplicações. Isso inclui a identificação de pontos fracos, configurações inadequadas e falhas de segurança. Pode ser considerada uma das etapas prévias das estratégias do Pentest, localizada nos processos de “reconhecimento” citados anteriormente.
A abordagem também é dividida com base na validação de outros aspectos, como:
- Verificação de conformidade – além de detectar vulnerabilidades, a análise também verifica o nível de conformidade dos sistemas com padrões e normas de segurança aplicáveis, como ISO 27001, PCI, DSS, HIPAA, entre outros.
- Priorização de riscos – as vulnerabilidades encontradas são classificadas de acordo com o risco que representam, com base em fatores como impacto, facilidade de exploração e probabilidade de ataque. Isso ajuda a priorizar as ações de mitigação.
- Métodos de Avaliação – podem ser utilizados diversos métodos, como análise de código-fonte, testes de carga e estresse, verificação de configurações e escaneamento de vulnerabilidade, entre outros.
- Desenvolvimento seguro – a análise de vulnerabilidades permite que o profissional de segurança pense em uma segurança da informação desde o princípio do desenvolvimento da aplicação, adotando uma metodologia shift left ou de circuit by design, ou seja, uma segurança analisada e estruturada desde o design até a arquitetura da aplicação.
Classificação de Vulnerabilidades
É importante criar uma gestão de vulnerabilidades, visto que ela vai definir o que será tratado na etapa de mitigação dos riscos. Por exemplo, se a vulnerabilidade for de alto risco, o profissional pode deixar registrado quais serão as ações a serem tomadas, algo como um manual de risco para cada intensidade de ocorrência. Para isso, ele deve avaliar a:
1) Severidade
As vulnerabilidades são classificadas de acordo com o seu potencial de impacto, sendo categorizadas como críticas, altas, médias ou baixas.
2) Facilidade de exploração
O profissional avalia quão fácil é para um atacante explorar a vulnerabilidade, levando em conta fatores como acesso necessário e técnicas de exploit.
3) Probabilidade de ataque
Aqui é estimada a chance de uma vulnerabilidade ser efetivamente explorada, considerando a sua popularidade e o interesse de grupos maliciosos.
4) Exposição da organização
Avalia-se o nível de risco ao qual a organização está sujeita em função da vulnerabilidade dos ativos afetados.
Mitigação de vulnerabilidades
Para a mitigação das vulnerabilidades, é essencial destrinchar:
- Priorização – identificar e priorizar as vulnerabilidades, com base no seu nível de risco e criticidade;
- Correções – implementar soluções corretivas, como patches, atualizações de software e ajustes de configuração;
- Validação – verificar se as medidas de mitigação foram efetivas e as vulnerabilidades foram resolvidas.
Pentest vs. Análise de Vulnerabilidade
Pentest | Análise de Vulnerabilidades |
Foco na exploração ativa de vulnerabilidades, simulando ataques reais. | Foco na identificação sistemática de fragilidades nos sistemas e aplicações. |
Avalia o impacto real de uma vulnerabilidade em um ambiente controlado. | Mapeia e classifica as vulnerabilidades com base no risco e criticidade. |
Envolve etapas como reconhecimento, exploração e análise de impacto. | Aplica técnicas como análise de códigos, testes de carga e escaneamento. |
Produz um relatório detalhado com recomendações de mitigação. | Fornece um plano de ação para corrigir vulnerabilidades identificadas. |
Quando Utilizar Pentest ou Análise de Vulnerabilidades:
Inicialmente, é recomendado que o profissional de TI comece um projeto de segurança com base na Análise de Vulnerabilidades. Depois, fundamentado em uma avaliação de riscos, que combina aspectos da Análise de Vulnerabilidade e do Pentest, será possível prosseguir com as fases da última metodologia, partindo para uma exploração ativa dos cenários falhos encontrados.
O Pentest e a Análise de Vulnerabilidades oferecem uma visão prática, assim como orientam as ações para melhorar a segurança da organização. Por meio dessas práticas, é possível identificar e mitigar riscos concretos e aqueles com maior potencial lesivo, proporcionando melhorias mensuráveis na postura de segurança.
As informações geradas nesses dois processos também auxiliam a alta liderança a tomar decisões estratégicas fundamentadas em evidências.
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A segurança da informação tem um impacto direto na sociedade ao proteger informações e infraestruturas críticas, prevenir fraudes e crimes cibernéticos, além de contribuir para a segurança digital de organizações e indivíduos. Por isso, o desenvolvimento profissional na área requer comprometimento contínuo e uma base de conhecimento bastante diversificada.
A Escola Superior de Redes, referência em instituição de ensino para Tecnologia da Informação e única parceira no Brasil do maior instituto de cibersegurança do mundo, o SANS, oferece uma trilha de aprendizado completa sobre esse campo.
Confira, na íntegra e de forma gratuita, o webinar produzido pela ESR