A internet 6G tem causado certo burburinho entre os gigantes da tecnologia e entre os governos globais, que precisam traçar estratégias para receber um novo conceito de conectividade em redes móveis.
Apresentada como a evolução do já conhecido 5G, a rede móvel de 6ª geração promete uma revolução, principalmente no quesito velocidade.
De acordo com as estimativas mais promissoras, o 6G será marcado por uma velocidade de até 1 terabit por segundo, o que irá impactar diretamente setores de automação industrial, internet das coisas (IoT), saúde e inteligência artificial.
Trata-se de uma tecnologia que se propõe a promover interações em tempo real mais aprimoradas, além de entregar dados com latência ultrabaixa e integração eficiente com a inteligência artificial.
Em um cenário no qual o 5G ainda se expande em uma escala global, a evolução do 6G é um projeto em desenvolvimento, com previsão de implantação comercial apenas na próxima década.
Grandes players do mercado, como China, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, já realizam pesquisas, testes e investimentos robustos para garantir a liderança tecnológica nessa nova etapa.
Para se ter uma ideia desse cenário incipiente de desenvolvimento, apenas em dezembro de 2024, dois anos após a chegada da 5G ao Brasil, é que a Anatel afirmou ser possível ver a ferramenta em todo o país, na modalidade standalone e na faixa de 3,5 GHz. Ainda assim, a implementação se deu com ressalvas:
“A instalação antecipada de estações de quinta geração nessas cidades depende do planejamento individual de cada prestadora. A partir de 2 de dezembro, com a liberação da faixa nos últimos 190 municípios, todos os 5.570 municípios poderão ter a oportunidade de acesso a essa tecnologia”, explicou a Anatel.
Ou seja, a internet 6G se apresenta, sobretudo, no campo da pesquisa e em testes iniciais, mas promete transformar, de maneira ainda mais radical, a forma como pessoas, máquinas e sistemas interagem, impulsionando novas oportunidades para negócios e para a sociedade.
Neste artigo, vamos detalhar 5 aspectos da internet 6G que você precisa conhecer.
Qual a diferença entre internet 5G e internet 6G?
A principal diferença entre a internet 5G e a internet 6G está no salto de desempenho e nas possibilidades tecnológicas que a nova geração pretende oferecer. Enquanto o 5G já trouxe grandes avanços em velocidade, capacidade de dispositivos conectados e baixa latência, o 6G vai além, mirando experiências ainda mais imersivas e conectividade praticamente instantânea.
Confira alguns pontos de destaque:
- Velocidade – o 5G atinge picos de até 20 gigabits por segundo, enquanto o 6G promete alcançar até 1 terabit por segundo, o que representa um salto gigantesco.
- Latência – o 5G já trabalha com latência abaixo de 10 milissegundos; o 6G quer reduzir ainda mais, chegando a latências de microssegundos, o que favorece aplicações ultrassensíveis ao tempo de resposta.
- Frequências – o 5G utiliza bandas de ondas milimétricas, enquanto o 6G deverá operar em frequências ainda mais altas, incluindo a faixa de frequência de 95 GHz a 3 THz (Terahertz), ampliando a capacidade de transmissão de dados.
- Integração com a IA – embora o 5G já conte com elementos de inteligência artificial, o 6G prevê redes autônomas, capazes de se autogerenciar e adaptar dinamicamente de forma inteligente.
- Novas experiências – o 6G abrirá caminho para aplicações como holografia em tempo real, realidade estendida (XR) hiper-realista e comunicação cérebro-máquina, transformando radicalmente a interação entre humanos e tecnologia.
Em resumo, o 6G não apenas amplia a capacidade do 5G ou da internet residencial padrão, como propõe um novo paradigma de conectividade para suportar tecnologias futuristas e demandas cada vez mais complexas.
Entenda isso de uma forma visual abaixo:
Internet 5G | Internet 6G (estima-se) | Internet comum/residencial (cabo/fibra) | |
Velocidade média (BR) | 300 a 600 Mbps (pico até 1–2 Gbps) | 1 a 10 Gbps (a meta é que seja 100x a do 5G) | 100 Mbps a 1 Gbps (fibra óptica) |
Velocidade máxima | Até 2 Gbps (mmWave) | Teoricamente até 1 Tbps em testes | Até 2 Gbps (em planos premium de fibra) |
Latência | 10 a 20 ms(até 1 ms no 5G standalone) | <1 ms (a meta é que seja de 0,1 ms em aplicações críticas) | 5 a 20 ms (a fibra é mais estável) |
Estabilidade | Variável (depende de sinal e interferência) | Espera-se que seja maior que o 5G com base na IA e em redes híbridas | Alta (ótima para uso contínuo) |
Disponibilidade | Cidades médias e grandes | Prevista em 2030, sobretudo em grandes centros | Alta (com boa cobertura urbana e rural) |
Limite de dados | Pode ser usada por meio de franquia (ex.: 100 GB/mês) | Ainda incerto; depende da propositura de uma política de dados | Normalmente ilimitada (fibra) |
Custo (Brasil, 2025) | R$ 80 a 150/mês (com dados generosos) | Ainda desconhecido (provavelmente mais alto) | R$ 70 a 120/mês para 300 Mbps ou mais |
Uso ideal | Mobilidade, backup, locais sem cabeamento | Realidade virtual, holografia, IoT extremo | Streaming, jogos online, trabalho remoto |
Fonte: https://www.opensignal.com/brazil & https://research.samsung.com/. Medições técnicas (Ookla, Netflix ISP Index), artigos da NIC.br
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5 fatos sobre a internet 6G para você ficar por dentro
Ainda que a internet 6G esteja em fase de estudos e passe por uma corrida tecnológica para que empresas e países dominem o recurso e se estabeleçam na liderança da inovação, já é possível apontar alguns fatos importantes que ajudam a entender o que vem por aí.
1) O Brasil só começará a explorar a internet 6G em 2032
De acordo com o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Carlos Baigorri, o Brasil só deve começar a explorar de forma comercial a internet 6G em 2032. Em entrevista para o Canaltech, Baigorri explicou que a implementação da também chamada de IMT-2030 demanda uma etapa profunda de estudos e concepção, a qual é conduzida pelo setor de telecomunicação.
O objetivo desse primeiro momento é contar com a participação de reguladores, pesquisadores e representantes da indústria para definir as faixas de frequência que serão dedicadas à nova geração de conectividade. Para isso, a Anatel disse à CNN que a consulta pública sobre as faixas de 6G ocorrerá em agosto de 2025. Isso significa que é provável que o edital do leilão saia em outubro de 2026.
Nesse cenário, antes que a internet 6G ganhe contornos reais no país, está prevista uma fase intermediária, com a adoção do 5.5G, representando uma velocidade 10 vezes maior do que a 5G.
Espera-se que esse passo seja uma preparação para a infraestrutura e o desenvolvimento de chips compatíveis para o novo mundo da conectividade.
2) O funcionamento exato da internet 5G ainda não é conhecido
As especificações da internet 6G ainda estão em fase de desenvolvimento. Por isso, não é possível afirmar com exatidão como ela funcionará. Entretanto, com base na análise das gerações pregressas, podemos fazer algumas estimativas. É o caso, por exemplo, dos pontos a seguir:
- Ampliação do espectro usado – como se sabe, o 5G pode suportar frequências de até 100 GHz. Na internet 6G, os estudiosos investigam formas de transferir dados através de faixas de centenas de gigahertz (GHz) ou terahertz (THz). Com isso, veremos velocidades inéditas de transferências.
- A eficiência energética é uma preocupação – os estudos com novas gerações de conectividade móvel se preocupam bastante com a sustentabilidade. No caso da 6G, pretende-se usar IA nativa para autoconfiguração e também para obter maior eficiência no consumo de energia. Na mesma linha, há esforços voltados para transformar essa nova geração em uma proposta eco-friendly.
- Aproveitamento da rede mesh – estima-se que o 6G faça uso de máquinas para amplificar os dados uns dos outros e, assim, permitir que cada dispositivo expanda a cobertura além de usá-la.
3) Aplicações em potencial para a Internet 6G
O cientista brasileiro e autor do livro 6G: The road to future wireless technologies 2030 (6G: A estrada para as tecnologias wireless do futuro de 2030, em tradução livre), Paulo Sergio Rufino Henrique, mencionou que “O diferencial da padronização do 6G é que ele possui objetivos econômicos e de desenvolvimento sustentável que devem melhorar o mundo, especialmente em regiões vulneráveis”.
Nessa perspectiva, a internet 6G representa muito mais do que uma rede de altíssima velocidade: ela pode ser um vetor de inclusão digital e de redução de desigualdades.
Entre as aplicações que devem ganhar força estão a telemedicina avançada, sistemas de alerta em tempo real para desastres naturais, gestão de cidades inteligentes e automação agrícola, beneficiando comunidades que hoje ainda enfrentam barreiras de acesso à tecnologia.
4) As vantagens da internet 6G
Do que já se visualiza da internet 6G, podemos esperar as seguintes vantagens:
- Taxa de transmissão até 50 vezes mais rápida que a do 5G, revolucionando a capacidade de enviar e receber dados em segundos;
- Ampliação do alcance da internet em escala global, inclusive em regiões remotas, aliada à adoção de soluções mais sustentáveis, como o uso de equipamentos com material ecológico e a redução do consumo energético;
- Menor latência (atrasos quase nulos) e filtros embarcados nos satélites, diminuindo falhas de comunicação e garantindo estabilidade mesmo em ambientes extremos;
- Integração ainda mais profunda com a inteligência artificial, por meio de algoritmos avançados de gerenciamento de energia e de tráfego de rede, capaz de organizar e otimizar a distribuição de dados em tempo real de forma autônoma.
5) A convergência de tecnologias em 6G
O que se discute é que 6G não se trata apenas de uma evolução do 5G, mas, sim, uma convergência de tecnologias disruptivas, que integram inteligência artificial, computação quântica, redes ópticas avançadas e sensores inteligentes em uma mesma infraestrutura.
Essa combinação tende a permitir experiências inéditas, como comunicação sensorial (em que se transmite, além de dados, sensações táteis, por exemplo) e redes capazes de se adaptar em tempo real ao contexto do usuário.
A expectativa é que o 6G se torne a espinha dorsal de um ecossistema hiperconectado e muito mais responsivo às necessidades humanas.
Conclusão
Mesmo que a internet 6G ainda dê seus primeiros passos no mundo, fica claro que ela poderá transformar a maneira como vivemos, trabalhamos e nos conectamos.
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