Qual o papel da TI na saúde digital e como ingressar na área?

Ti na Saúde digital

Em meio a um cenário de transformações digitais aceleradas, garantir a integração fluida e constante de conhecimentos acerca de saúde e tecnologia possibilita que o atendimento de uma rede complexa e pulverizada seja otimizado estrategicamente. É nesse sentido que se estabelece a saúde digital, um processo de inovação responsável por mudar desde a forma de pensar a saúde e o bem-estar até processos, habilidades e atitudes de profissionais e cidadãos diante das práticas dessa área.

De acordo com a Secretaria de Informação e Saúde Digital, o termo faz referência a um conjunto de saberes, técnicas, atitudes e valores que se desenvolvem com o crescimento digital para fortalecer e viabilizar princípios como universalidade, integralidade e equidade na prestação de serviços em saúde. 

Dessa forma, a saúde digital é mais abrangente, já que aborda também outros campos, como o e-Saúde, a telemedicina, a telessaúde, a informação e a informática em saúde, além de ser permeada pela internet das coisas (IoT), inteligência artificial, big data e pelas redes. 

Portanto, quando se fala em saúde digital, visualiza-se o uso de recursos da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) direcionados tanto para o aperfeiçoamento da rotina de trabalho de profissionais de saúde quanto para o atendimento de qualidade para o paciente.

São alguns exemplos desses recursos:

  • Prontuários eletrônicos;
  • Telemedicina; 
  • Software de gestão de escalas e suprimentos da cadeia de recebíveis de um hospital;
  • Laudos a distância;
  • Regulamentação e ética de dados, assim como segurança da informação;
  • Integração de sistemas; 
  • Análise de dados preditiva;
  • Gestão remota, sobretudo nos serviços de home care;
  • Aplicativos de comunicação com pacientes, entre outros tópicos, são exemplos das aplicações da saúde digital. 

O termo, inclusive, já foi tipificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “o uso seguro e com positivo custo-benefício das TICs para dar suporte à saúde e a campos relacionados, o que inclui prestação de serviços, vigilância, literatura, educação, conhecimento e pesquisa na área”.

Neste artigo, vamos conversar mais sobre o papel da TI na saúde digital e como ingressar nessa área de atuação.

❗ Leia também: Estratégia de inovação: por que a ousadia é importante no ambiente corporativo?

Qual o papel da TI na saúde digital? 

A tecnologia é utilizada, sobretudo, no processo de melhoria e aperfeiçoamento do atendimento e da assistência em saúde, seja na rede pública, seja na suplementar. Nesse contexto, a saúde digital promove avanços por meio da inovação e do uso da TIC combinados com aspectos éticos, cujo objetivo é proteger o paciente, por meio da adequação de procedimentos relacionados com a LGPD ou pela implantação de mecanismos de alerta e monitoramento.

Com essa combinação de fatores, os pacientes passam a ter serviços mais céleres, com menor tolerância a falhas e maior segurança. Já os profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, cirurgiões dentistas etc.) conseguem adotar posturas mais analíticas, visto que têm acesso rápido a uma infinidade de informações. Por sua vez, os especialistas de TI focados em saúde digital aprimoram os mecanismos, as ferramentas e a tecnologia que torna esse conceito viável na prática. 

Como dissemos anteriormente, a saúde digital envolve toda a utilização de recursos de TIC nas atividades e pesquisas em saúde. Isso significa dizer que é a área de TI em estrita colaboração com a área de saúde que articula a aplicação prática desse conceito. Ou seja, o papel da TI na saúde digital é intrínseco aos próprios objetivos da abordagem, sendo os profissionais da área os responsáveis por desenvolver e viabilizar as soluções tecnológicas utilizadas no dia a dia dessa área. 

Seis exemplos da articulação da tecnologia da informação na saúde digital

Por ser um campo dinâmico, o segmento da saúde se beneficia exponencialmente com a implementação de soluções de TI.

A integração eficiente de sistemas e a gestão inteligente de dados, por exemplo, são aspectos proporcionados pela TI que desempenham um papel fundamental na otimização dos serviços de saúde. Nesse campo, encontra-se um dos maiores desafios do Brasil e de especialistas em TI: cada fabricante possui seu sistema e falta interoperabilidade, o que demanda que o responsável pela tecnologia da saúde digital saiba realmente como integrar sistemas e interoperá-los para que seja possível a gestão inteligente e ampla dos dados.

Quando isso ocorre de maneira exitosa, a saúde digital é responsável por inúmeras vantagens para todos os agentes envolvidos na cadeia de serviços de assistência: os profissionais da saúde, pacientes, familiares e gestores. É o caso, por exemplo, de:  

  • Gestão facilitada por meio da obtenção de relatórios; 
  • Pacientes beneficiados pela possibilidade de acessar resultados de exames remotamente ou de se consultarem por telemedicina, sem sair de casa; 
  • Profissionais de saúde beneficiados com o acesso seguro, compartilhado e controlado aos prontuários eletrônicos do paciente;
  • Profissionais de saúde beneficiados pela oportunidade de conseguirem uma segunda opinião, por meio de teleinterconsulta e da agilidade na utilização de sistemas de prescrição eletrônica.

A seguir, elencamos outras diversas frentes em que a TI viabiliza a saúde digital na prática.

1) Integração de sistemas

A interoperabilidade entre os sistemas de informação de saúde (capacidade de diferentes sistemas trocarem automaticamente dados, informações e conhecimento) proporciona uma visão holística dos dados do paciente, o que torna seu tratamento e atendimento mais seguro, ágil e adequado.

A TI facilita a integração de diferentes serviços de saúde e permite que informações cruciais sejam compartilhadas entre hospitais, clínicas, unidades básicas de saúde (UBSs), unidades de pronto atendimento (UPAs) e as demais instituições de saúde. Para isso, observa também o desenvolvimento e a implementação de políticas de segurança de dados, protocolos de resposta a incidentes e atributos de disponibilidade para que a informação possa ser acessada a qualquer momento pela rede autorizada. 

Há, assim, um atendimento mais ágil, sem redundâncias e erros na interpretação de dados clínicos.

2) Coleta e análise de dados clínicos

A coleta e a análise de dados são atividades vitais para a promoção da pesquisa e a melhoria contínua dos cuidados de saúde. Nesse campo, a TI facilita a coleta e o processamento automatizado de dados de saúde, desde informações básicas até métricas mais avançadas, já conferindo a eles a devida adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e às demais regulações. 

Ferramentas analíticas pautadas em inteligência artificial e machine learning (inovações de TI), capazes, portanto, de lidar com grandes bancos de dados, auxiliam na interpretação das informações valiosas tanto pelos profissionais de saúde e pesquisadores quanto pelo mercado de saúde em geral.

Nessa perspectiva, o especialista de TI envolvido com a saúde digital precisa ter clareza de que seu grande desafio é entender a necessidade do profissional de saúde e atendê-la. Ou seja, é necessário, sobretudo, que os agentes de TI atuem como facilitadores, demonstrando a importância da colaboração e da adequação da linguagem técnica de TI à linguagem técnica da saúde. 

3) Prontuários eletrônicos

A implementação de prontuários eletrônicos representa um marco na evolução da assistência aos pacientes. E é a TI que possibilita a criação de sistemas seguros e acessíveis que armazenam eletronicamente as informações do paciente. 

Essa abordagem elimina a dependência de documentos físicos, facilita o acesso rápido e seguro às informações clínicas e melhora a tomada de decisões e a continuidade do cuidado.

4) Telessaúde

A telessaúde é um componente essencial da saúde digital, tendo sido regulamentada, principalmente, a partir de 2020 e da promulgação da Lei nº14.510/22, que adicionou oficialmente a modalidade de assistência à realidade do Sistema Único de Saúde (SUS).

Nesse cenário, os benefícios do uso dessa tecnologia se tornaram evidentes para toda a sociedade, tendo a TI como principal facilitadora desse serviço. Isso se dá pelo desenvolvimento, manutenção e melhoria das inovações da área, como videoconferências, aplicativos móveis e plataformas on-line que permitem consultas médicas a distância, com acesso rápido a cuidados de saúde, especialmente em áreas remotas. 

A TI na saúde digital aumenta a acessibilidade aos serviços da área, além de refletir na mitigação da sobrecarga dos sistemas de saúde físicos.

5) Inovação e segurança

A TI não apenas possibilita inovações na prestação de cuidados de saúde, como desempenha um papel crucial na segurança dos dados do paciente. 

A conformidade com regulamentações, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), assegura a privacidade e a integridade das informações de saúde, que são, inclusive, consideradas sensíveis.

Profissionais de TI na área de saúde são essenciais para implementar medidas robustas de segurança cibernética e para garantir a conformidade com as normas legais.

6) Profissional de saúde como analista

Com o avanço da saúde digital, espera-se que os profissionais de saúde adotem uma postura mais analítica e crítica em relação aos dados de saúde. 

Assim, o entendimento e a interpretação de informações digitais tornam-se habilidades fundamentais, pois permitem que os profissionais forneçam cuidados personalizados e baseados em evidências.

Nesse contexto, os colaboradores de TI desempenham outra função de destaque: a de implantar tecnologias e suporte para sua operação, auxiliando os profissionais de saúde a utilizarem as ferramentas adequadamente e a interpretarem melhor os dados coletados em larga escala. 

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De maneira geral, a TI desempenha um papel crucial na transformação da saúde digital ao proporcionar melhorias substanciais na eficiência, acessibilidade, inovação e segurança dos serviços da área. 

A colaboração contínua entre profissionais de saúde e especialistas em TI impulsiona ainda mais a revolução na assistência médica.

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O que você precisa para ingressar na área da saúde digital sendo um profissional de TI?

Assim como em outros campos da TI, a capacitação representa o primeiro e o mais importante passo para os profissionais que desejam ingressar na área de desenvolvimento de soluções de saúde digital. Afinal, para esses colaboradores, são exigidos não só o conhecimento técnico em inovação e transformação digital, mas a compreensão do mercado de saúde e das singularidades das redes de atendimento no Brasil. 

Sabendo disso, a Escola Superior de Redes, uma instituição de referência em ensino e aprendizado de tecnologia, preparou o webinar “Saúde digital e as possibilidades de projetos para a transformação digital” para discutir o tema com profundidade, com base em falas de agentes de referência tanto em tecnologia quanto em saúde.

No evento, gratuito e on-line, você encontra um balanço dos resultados da primeira iniciativa de capacitação de saúde digital, oferecida pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

A iniciativa objetiva a capacitação de profissionais de saúde, gestores administrativos e gestores de tecnologia da informação em relação ao potencial da saúde digital. 

Ao participar desse webinar, você tem a oportunidade de conhecer alguns dos mais de 50 projetos elaborados pelos alunos do Programa de Atualização Profissional em Saúde Digital (PAP-SD) e entender os caminhos para o desenvolvimento de ações de capacitação de recursos humanos na área da saúde digital.

Assista o webinar completo aqui!

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