8 principais fatos sobre a evolução da internet no Brasil

História da internet no Brasil

As pessoas nascidas a partir de 2010 fazem parte da chamada geração Alpha e compartilham entre si uma característica interessante: nasceram em meio às aceleradas transformações digitais, já imersas em um mundo globalizado, tecnológico e conectado. Muitas delas, inclusive, sequer vislumbram uma realidade sem internet.

Entretanto, esse contexto é historicamente recente. No Brasil, por exemplo, a primeira rede de internet do país completa jovens 32 anos em 2024. E em meio a esse período, a rede experimentou diversas adaptações que contribuíram para a forma otimizada da tecnologia atual.

Neste artigo, vamos destacar os oito momentos marcantes por trás da história e da evolução da internet no país, para que você entenda como chegamos ao modelo mais recente.

Boa leitura!

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8 momentos marcantes na história da internet do Brasil

A internet é a maior rede mundial de computadores existente na atualidade, responsável por proporcionar uma série de atividades comuns no dia a dia de qualquer usuário – desde a troca de mensagens até o acesso facilitado a informações, solicitação de aplicativo de mobilidade urbana, operações financeiras, trabalhos remotos etc. 

Embora seja amplamente utilizada atualmente, de acordo com dados da última pesquisa TIC Domicílios 2023, que identificou que 84% da população brasileira com dez anos ou mais se conectou à internet no último ano, nem sempre foi assim. 

No país, ela começa a dar os seus primeiros passos na década de 1970, com base em alguns experimentos da Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel), estatal que fez parte da Telebras, os quais eram ligados à transmissão digital de dados e à criação de uma rede interna (Ciranda) e de uma rede pública (Cirandão), mas somente a partir da década de 1980 é que passou a tomar a forma vista hoje.

De maneira semelhante ao resto do mundo, a sua gênese foi ligada ao ramo da educação, com uma “internet” de acesso restrito a professores, estudantes, funcionários de universidades, instituições de pesquisa e outros órgãos governamentais e privados que objetivavam exercer colaboração acadêmica. 

Além desse, outros fatos foram importantes para a evolução do cenário. Confira a linha do tempo abaixo e descubra como a história da internet se estabeleceu no Brasil

1) A importância das redes acadêmicas

Em 1987, ainda sob o governo Sarney e o monopólio da telecomunicação pela Embratel, pesquisadores acadêmicos trouxeram para o país as suas experiências estrangeiras com novas formas de comunicação, sobretudo as de correio eletrônico e de fóruns de discussão em redes de computadores. 

Diante desse burburinho de informações e do desejo de inserir o Brasil nessa dinâmica, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em São Paulo, e o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), no Rio de Janeiro, passaram a refletir sobre possíveis caminhos para tornar a conexão com o exterior uma realidade

A alternativa encontrada inicialmente foi centralizar o fluxo de dados na conexão entre um computador da Fapesp e o laboratório de física de partículas Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab), em Chicago, nos Estados Unidos. Isso se deu por meio de uma rede de computadores internacionais chamada Bitnet (Because It’s Time to NETwork ou, em português, Porque é hora da rede).

Na época, para tornar o projeto viável, a Fapesp investiu na contratação de uma linha internacional da Embratel que continha apenas 4.800 bits por segundo, ou 4,8kbs, e seria conectada posteriormente a outras universidades do país.  

Assim, com base na Bitnet e no decorrer dos anos, as universidades brasileiras de São Paulo, do Paraná, do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro puderam se conectar a uma rede central, mas, ainda assim, eram inaptas para se comunicarem entre si.

2) O surgimento da Rede Nacional de Pesquisa

Dois anos depois, em 1989, para driblar o problema anterior, o LNCC e a Fapesp foram conectados entre si, dando mais um passo em direção à evolução da internet no Brasil

No mesmo período, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), apoiado por organizações relevantes, como Fapesp, Faperj e Fapergs, sob a coordenação política e orçamentária do CNPq, criou a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), com o propósito de construir uma infraestrutura nacional de rede no âmbito acadêmico, bem como para disseminar o uso da ferramenta no país.

Foi um período marcado também pelo funcionamento do Alternex, um serviço de troca de mensagens e de realização de conferências eletrônicas assinado pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), em parceria com o Institute for Global Communications, dos Estados Unidos.

3) O planejamento da implantação do backbone da RNP

O ano de 1991 foi importante por marcar os primeiros pacotes TCP/IP transmitidos entre Brasil e EUA, além de registrar a aprovação da implantação de um backbone para a RNP, financiada pelo CNPq, que planejava como se estabeleceria essa ferramenta de interconexão de redes.

4) A chegada da internet ao Brasil 

Para atender a uma demanda de acesso digital dos eventos Rio-92 e Fórum Global, a RNP utilizou, em 1992, o backbone RNP, a primeira infraestrutura de conexão nacional para interligar, pela primeira vez, instituições educacionais por meio da internet. Na prática, a conexão se deu por meio de pontos de presença (POP), que passavam por 11 capitais, em uma rede de capacidade de apenas 64 kbps. 

Posteriormente, foram associados outros backbones regionais a esses pontos, a fim de integrar à internet as instituições das demais cidades brasileiras, como é o caso da São Paulo a Academic Network at São Paulo (ANSP) e Rede Rio.

Nesse momento histórico, a RNP também se dedicou a divulgar os serviços de internet à comunidade acadêmica e estabeleceu-se o primeiro domínio do país, o .br.

5) A abertura da internet comercial 

Em 1995, ocorreu a abertura da internet comercial, com a consequente expansão da rede para outras capitais e com uma capacidade de até 2 Mbps.

Foi nesse ano que também se criaram o primeiro Centro de Segurança de Redes Brasileiro e o Centro de Informações da Internet/BR. Esse último marcou o início das regulamentações de uso da rede no país.

As chamadas “redes locais de conexão” vieram dois anos depois, levando acesso a todo o território nacional, assim como o Centro de Atendimento a Incidentes de Segurança (Cais), da RNP, foi implementado para tratar os incidentes de segurança na rede acadêmica.

Esses passos indicavam a evolução gradativa da internet no Brasil e a construção das bases para a rede atual.

6) Os 10 anos da RNP

Em 1999, um ano depois da privatização da Telebras, e durante o marco de dez anos da criação da RNP, os ministérios da Ciência e Tecnologia (MCT) e da Educação (MEC) investiram no aprimoramento da rede acadêmica e no desenvolvimento do backbone RNP 2, que representou a primeira infraestrutura de rede avançada capaz de atender à necessidade de banda de serviços para ensino e pesquisa. 

Houve também o desenvolvimento do Programa Interministerial de Implantação e Manutenção da Rede Nacional para Ensino e Pesquisa (PI-MEC/MCT), hoje chamado Programa Interministerial RNP (PI-RNP), além da criação da Associação Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (AsRNP), que tinha a orientação de um comitê gestor (CG-RNP) formado por representantes do MEC e do MCT.

Todo esse processo refletiu em mais de 11 mil grupos de pesquisa beneficiados nos anos 2000.

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7) O progresso observado a partir dos anos 2000

Depois dos dez anos da RNP e dos outros avanços relacionados com a sedimentação da internet no Brasil, os períodos seguintes registraram importantes marcos para a internet do país:  

  • 2002 – a RNP foi definida pelo Governo Federal como uma organização social e passou a fomentar atividades de pesquisa tecnológica em redes de desenvolvimento, além de operação de meios e serviços de redes avançadas que beneficiavam a pesquisa e o ensino nacionais.
  • 2005 – a tecnologia voltada para a rede acadêmica ganhou outro nome, sendo chamada Rede Ipê. Nesse momento, segundo o site da própria RNP, ela “foi atualizada, das linhas telefônicas para a conexão puramente óptica, operando a múltiplos gigabits”. Houve também a estruturação da Nova RNP, uma iniciativa que visava melhorar a infraestrutura de rede em nível nacional, metropolitano e local; e o surgimento da Redecomep Programa Redes Comunitárias de Ensino e Pesquisa.
  • 2006 – a Rede Universitária de Telemedicina (Rute) foi criada para interconectar hospitais universitários e unidades de ensino de saúde em todo o Brasil. A RNP foi responsável por coordenar o projeto.
  • 2010 – por meio de um acordo de cooperação entre a empresa de telecomunicação Oi e a Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel), a Rede Ipê alcançou a sua sexta geração, quando teve a sua capacidade ampliada em 280%. Era a maior capacidade registrada até então e posicionava a internet no Brasil como uma das referências da América Latina.
  • 2011 – a Rede Ipê chegou ao seu segundo grande salto, ocasião em que foi novamente otimizada e passou a registrar uma capacidade agregada de 213,2 gbps. Esse número representou um aumento de 244% em relação à capacidade agregada anterior. Novamente, a RNP estava envolvida, possibilitando o aprimoramento por meio de uma parceria com a empresa de telecomunicação Oi.
  • 2014 – ocorreu a ampliação da Redecomep.
  • 2016 – todos os pontos de presença (POPs) da RNP passaram a ser atendidos na capacidade Gb/s, ou seja, ocorreu a “gigatização” da rede.
     
  • 2017 – a RNP completou 25 anos à frente de iniciativas de fomento e desenvolvimento da internet no Brasil, tanto é que, no ano seguinte, a Rede Ipê da organização recebeu as primeiras conexões de alta velocidade, com 100 gb/s.

8) O cenário da internet depois da pandemia

Depois dos marcos históricos anteriores, o cenário da internet no Brasil sofreu novas alterações impulsionadas, sobretudo, pela pandemia de Covid-19. Com a necessidade de isolamento social e as restrições de mobilidade, houve um aumento exponencial na demanda por serviços on-line, o que exigiu uma rápida adaptação e evolução da infraestrutura digital do país.

Um dos principais destaques desse período foi o movimento de migração de operações para a nuvem. Empresas de todos os setores aceleraram os seus processos de digitalização, adotando soluções em nuvem para garantir a continuidade das suas operações e para viabilizar o trabalho remoto e a entrega de serviços on-line de forma eficiente e segura.

Além disso, a área da saúde celebrou os 15 anos da Rede Universitária de Telemedicina (Rute), enquanto a pandemia destacava a importância da telemedicina como uma ferramenta essencial para fornecer assistência médica a distância, consultas virtuais, monitoramento de pacientes e troca de informações entre profissionais de saúde em todo o país.

Outro aspecto importante observado nesse contexto foi o fortalecimento do comércio eletrônico e dos serviços de entrega. 

Negócios que já estavam estabelecidos nesse setor expandiram as suas operações, enquanto novos empreendimentos surgiram para atender à crescente demanda por produtos e serviços on-line.

Por fim, o relatório “Digital 2024: Brazil“, produzido por We Are Social e Meltwater, identificou que há 187,9 milhões de pessoas residentes do país na internet em 2024, o que representa cerca de 86,6% dos brasileiros. O estudo identificou, ainda, o tempo médio de uso da rede, que é de cerca de 9h13min.

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