A tecnologia da informação (TI) possui diversas características que a singularizam no mercado, por exemplo, o fato de representar um dos setores que, antes mesmo dos efeitos da pandemia de Covid-19, já acreditavam na possibilidade de postos de trabalho executados por um profissional de qualquer lugar do mundo (o anywhere office)!
Entretanto, se, de um lado, o segmento é tão disruptivo que aposta em avanços digitais que permitem que todo o globo tenha experiências cada vez mais transformadoras, de outro, ainda mantém rígidas algumas estruturas que desaceleram a inovação. É o caso da baixa diversidade e inclusão na oferta de vagas da área.
A exemplo disso, uma pesquisa do Google, realizada em 2023, em parceria com a Associação Brasileira de Startups (ABS), indicou que, em uma escala de 1 a 5, o mercado brasileiro de tecnologia registra uma nota média de apenas 2,6 em relação à diversidade.
Na prática, isso significa dizer que 50% dos entrevistados consideram o setor totalmente ou muito homogêneo, enquanto apenas 15% o identificam como muito diverso. O relatório analisou ainda que mais de 50% das startups estudadas observam o mercado atual de TI como excludente para as mulheres e para as pessoas negras.
Quando o recorte de observação se volta para as pessoas com deficiência (PCD), os números são ainda mais preocupantes. Segundo a Pesquisa Catho PCD (2023), 43% das pessoas com algum tipo de deficiência entrevistadas estão desempregadas ou procurando um novo emprego e afirmam que o principal desafio do mercado para esse perfil é a falta de oportunidade de trabalho.
Além disso, a pesquisa Cenário das Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho Brasileiro, conduzida pela Mais Diversidade, registrou que o contexto também é dificultado pela falta de conscientização e conhecimento das pessoas sem deficiência. De acordo com o documento, 60% da alta liderança sem deficiência e que participou do estudo desconhece ou não sabe opinar se a empresa possui planos de desenvolvimento para as PCD.
Tantos obstáculos para os grupos minoritários, como o de mulheres, negros, Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexuais, Assexuais e outras identidades sexuais (LGBTQIA+), PCD (pessoas com deficiência), entre outros, afastam uma boa parcela de profissionais da área, além de contribuir com o já conhecido déficit de “oferta e demanda em TI”.
Sobre esse aspecto, inclusive, o Google destaca que o Brasil terá uma carência de 530 mil profissionais da área até 2025, algo impulsionado também pelas restrições impostas às minorias e pelo pouco interesse das empresas na contratação de pessoas que residem em locais distantes dos grandes centros comerciais do país.
Ou seja, está na hora de as organizações e os departamentos de RH focados em seleção de TI considerarem o desenvolvimento/investimento em programas estratégicos de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) que sejam comprometidos com a ética, com o papel social de cada nicho de mercado e com a própria manutenção do segmento.
Neste artigo, vamos dar dicas para você colocar isso em prática antes da próxima contratação de time de sua empresa. Continue conosco.
Por que investir em diversidade e inclusão é importante para a área de TI?
Segundo um levantamento realizado pelo Great Place to Work, times realmente diversos têm mais chances de tomar decisões assertivas e de desenvolver soluções e processos mais inovadores que, de fato, resolvam problemas práticos.
Em um trecho do artigo, a iniciativa destaca que “quando os funcionários se sentem desconfortáveis em compartilhar detalhes pessoais, como orientação sexual ou deficiência, as empresas observam uma queda nos níveis de confiança, orgulho e camaradagem dos funcionários – elementos essenciais para uma gestão eficaz e para a inovação no trabalho”.
Quando analisamos o setor de TI, que, originalmente, respira inovação e depende desse fator, apostar em diversidade e inclusão é também aumentar o potencial das soluções que esse profissional pode oferecer e de sua capacidade de driblar os desafios do mercado ou da sociedade.
Por meio do olhar de uma equipe diversa, as soluções passam a ser tão abrangentes quanto seus desenvolvedores, chegando cada vez mais complexas, plurais e acessíveis aos usuários.
Por isso, processos seletivos que tenham como base medidas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) se traduzem em muitas vantagens para as organizações:
- Mitigam o déficit de profissionais em TI;
- Possibilitam a criação de times capazes de elaborar soluções mais inovadoras e com mais chance de resultado;
- Aumentam a satisfação e a retenção de funcionários;
- Ampliam o mercado e a compreensão do cliente;
- Reduzem preconceitos e estereótipos;
- Fortalecem o branding da empresa.
Em resumo, existem inúmeros motivos para investir em equipes diversas. A seguir, vamos elencar 4 dicas para você fazer isso.
Como desenvolver um processo seletivo mais diverso e inclusivo em 4 passos?
1) Conheça a história do setor
Embora o setor de TI possua um estereótipo atualmente, o primeiro algoritmo com foco em processamento por meio de máquinas foi desenvolvido por uma mulher, Ada Lovelace, ainda no século XIX.
Posteriormente, no século seguinte, as mulheres estiveram em outra frente de atuação na área, como líderes dos estudos de computação humana, tal qual é observado no filme Estrelas além do tempo.
Somente a partir da década de 1960 é que elas passaram a ser excluídas do processo de elaboração de conhecimento em tecnologia, comprovando que o perfil de mercado contemporâneo faz parte de uma construção histórica que marginaliza grupos minoritários. Como resultado dessa prática, a lacuna de profissionais diversos em TI se faz presente até os dias de hoje.
Nesse sentido, reconhecer o recorte histórico pode ser relevante para que você e o departamento de RH estruturem meios de selecionar talentos realmente diversos e com propósito.
Elabore processos seletivos específicos para grupos minoritários
Além de entender a importância de se criarem processos seletivos inclusivos, é essencial elaborar estratégias específicas para grupos minoritários. Isso envolve a revisão cuidadosa de requisitos e critérios de seleção, a fim de garantir que não haja barreiras injustas ou exclusões desarrazoadas.
Além disso, considere a implementação de entrevistas estruturadas e avaliações de desempenho que permitam analisar as habilidades necessárias de maneira equitativa e objetiva, minimizando vieses inconscientes.
A transparência durante o processo seletivo é um elemento crucial para que ele dê certo. Informe os candidatos, claramente, sobre a política de diversidade da empresa e demonstre o compromisso em promover um ambiente de trabalho inclusivo.
3) Forme parcerias com iniciativas que proporcionem o ensino e a aprendizagem em TI para grupos diversos
Investir em parcerias com organizações e iniciativas que visam à educação em TI para grupos diversos é uma estratégia eficaz para ampliar a base de talentos do setor.
Algumas atividades específicas podem refletir essa prática, como o apoio a programas educacionais, workshops, bolsas de estudo ou mentorias direcionadas para mulheres, pessoas de minorias étnicas, LGBTQIA+ e outras comunidades sub-representadas.
Ao fornecer recursos e suporte, as empresas contribuem ativamente para a formação de profissionais diversos, aumentando as oportunidades de recrutamento. Essa medida também colabora para minimizar o cenário de déficit mencionado anteriormente.
4) Assegure que a empresa possua processos internos inclusivos e que o dia a dia depois da seleção seja acolhedor para os grupos minoritários
Não basta apenas recrutar talentos diversos, é fundamental garantir que a empresa possua uma cultura inclusiva.
Para que a organização seja, de fato, inclusiva, sua gestão precisa implementar políticas internas que promovam a igualdade de oportunidades, o respeito à diversidade e a tolerância zero para a discriminação. O RH é um dos principais responsáveis por viabilizar esse processo.
Pense na criação de programas de sensibilização e treinamentos para todos os funcionários, com destaque para a importância da diversidade e da inclusão. Assegure que o ambiente de trabalho seja acolhedor e promova a sensação de pertencimento para todos os colaboradores.
A diversidade deve ser celebrada e incorporada ao tecido cultural da empresa, desde os processos de recrutamento até o dia a dia no escritório. Por isso, considere a realização de programas de mentoria e espaços para discussões abertas sobre diversidade.
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Aprimore o processo de recrutamento e manutenção de times diversos em TI
O recrutamento e a gestão de times diversos em TI demandam uma série de atividades e planejamentos. Por isso, é importante contar com soluções que facilitem esses processos e orientem as empresas para uma atuação mais assertiva, por meio de metodologias validadas pelo mercado, além de indicadores adequados para suportar as tomadas de decisão.
Pensando nessa necessidade, a Escola Superior de Redes desenvolveu a Consultoria Educacional, serviço que oferece estratégias de aprendizagem corporativas elaboradas de acordo com os objetivos e as necessidades de cada empresa, inclusive os relacionados com a diversidade e inclusão.
A Consultoria Educacional da ESR ajuda gestores de TI e de RH a otimizar os recursos investidos no desenvolvimento profissional das equipes e gerar resultados estratégicos e alinhados com os objetivos da empresa. Além disso, o serviço direciona as instituições em consonância com o que há de mais atual na capacitação de profissionais no âmbito global para enfrentar os desafios da área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).
Entre em contato com a ESR para saber mais sobre a Consultoria Educacional em tecnologia da informação! |