A privacidade e segurança de dados pessoais é uma preocupação antiga para o segmento da tecnologia. Nesse contexto, a Identidade Digital Descentralizada, viabilizada pela tecnologia blockchain, se configura como uma transformação digital necessária.
Vista como um caminho para a desburocratização da relação do usuário com os sistemas online, além de uma garantia de maior transparência, privacidade e segurança de dados, tal estrutura foi discutida na Escola Superior de Redes, no ciclo de webinars gratuitos sobre o tema.
Abaixo você confere os principais pontos abordados no evento e entende como a Identidade Digital Descentralizada com blockchain pode potencializar a utilização da rede.
O que é Identidade Digital Descentralizada?
A identidade digital descentralizada ou identidade digital autossoberana é uma estrutura de armazenamento, validação e disponibilização de dados eletrônicos, que permite ao usuário um maior controle sobre suas informações virtuais.
Por meio da tecnologia blockchain, que é um banco de dados armazenado de forma e descentralizada e que não depende da validação de alguma autoridade, como por exemplo uma rede social, a Identidade Digital Descentralizada se apresenta como uma transformação digital que direciona o seu foco, pela primeira vez, ao usuário e às suas decisões do que compartilhar ou não com um provedor de serviço.
Se nos contextos tradicionais há a necessidade de autenticação virtual a cada site acessado, seja por meio de login e senha, ou, por meio de perfis sociais, com a descentralização desse sistema tudo muda!
Ao invés disso, os agentes envolvidos cadastram chaves criptográficas associadas a dados pessoais de forma única, escolhem como usá-la e quais dados desejam revelar a cada transação ou conexão online.
Assim, o modelo consegue resguardar todos os documentos virtuais em carteiras digitais seguras, que são controladas pelos próprios usuários, por meio de um aplicativo só.
É uma atualização das camadas de autenticação de dados da Internet, configurando um modelo disruptivo para o conceito de identidade digital quando comparado com o vigente. Isso porque dá mais controle ao usuário sobre a identidade em relação aos seus dados pessoais e mais privacidade e transparência no uso dos mesmos.
Segundo Fernando Marino, líder técnico de soluções blockchain na Fundação CPQD, a Identidade Digital Descentralizada evidencia a forma não natural que usuários se identificam na rede até então.
“A forma com a qual nós nos identificamos e autenticamos perfis até hoje não é natural. Provar nossa identificação para cada serviço não é natural. Uma vez que você coloca o usuário no centro das observações e traz o conceito de identidade digital descentralizada, você permite que o acesso aos serviços seja feito de forma simples, com o usuário no controle, decidindo com o que ele quer compartilhar e com o que quer estar conectado” afirma Fernando Marino.
Atualmente, várias iniciativas discutem, de maneira coordenada, como implementar este ecossistema digital de forma responsável e consciente, como a Decentralized Identity Foundation, Hyperledger Foundation e a Trust-over-IP Foundation.
Quais as características de uma Identidade Digital Descentralizada?
De acordo com o especialista Fernando Marino, algumas características e princípios específicos definem a estrutura da Identidade Digital Descentralizada:
Princípios da Identidade Digital Descentralizada
- Controle (usuários com controle sobre a sua identidade);
- Acesso (identidade disponível a todo tempo, sem interferências em caso de instabilidade de servidores);
- Transparência (o usuário sabe como os dados são utilizados e por quem)
- Persistência (a credencial continua existindo);
- Portabilidade (uma informação pode ser usada para vários sistemas e serviços);
- Interoperabilidade (os dados podem ser interpretados por outros serviços);
- Consentimento (requer que o usuário permita ou não o compartilhamento de dados. Usuários no centro das avaliações).
- Minimização (naturalidade e menor burocracia nos processos virtuais)
- Proteção (dados protegidos)
Características da Identidade Digital Descentralizada
- Não requer uma autoridade central responsável por ela. A própria rede blockchain de informação representa a figura das autoridades;
- Centrada no usuário;
- Oferece elevados níveis de segurança;
- Oferece elevados níveis de privacidade;
- É um sistema compatível com as legislações GDPR E LGPD, uma vez que nenhuma informação pessoal é registrada na blockchain e, além disso, dá autonomia ao usuário;
- Portável, ou seja, funciona para diferentes contextos. Ao invés do usuário criar múltiplos registros, ele apresenta o já cadastrado na chave pública;
- Baixos custos de manutenção;
- É considerada a camada de autenticação de identidade da Internet que não foi projetada de forma nativa no seu surgimento;
- Permite ao usuário a seletividade de divulgação dos dados do seu perfil virtual.
Como a Identidade Digital Descentralizada funciona na prática?
O profissional Fernando Marino indicou por meio de um esquema, apresentado durante o webinar da Escola Superior de Redes, os três principais atores que fazem parte do funcionamento da Identidade Digital Descentralizada.
Emissor (da credencial ou registro que será apresentado); a pessoa (quem armazena e recebe a credencial); e o verificador (quem verifica as informações que foram emitidas e apresentadas).
Correlacionando-se aos atores, de forma técnica, na IDD (identidade digital descentralizada) haverá uma rede blockchain, identificadores descentralizados, as credenciais verificáveis (as que ficam em posse das pessoas), além de criptografia.
O emissor, geralmente pessoa jurídica, irá se registrar na rede blockchain e colocará o identificador descentralizado na sua chave pública registrada.
A pessoa/usuário, que também terá sua própria chave pública e privada, poderá constatar a veracidade dos dados do emissor analisando o seu certificado descentralizado, assinado digitalmente.
Após essa etapa, a pessoa também fará a assinatura digital do registro, tornando o processo ainda mais confiável, e armazenará as credenciais em uma carteira digital segura, geralmente em seu próprio dispositivo móvel.
Já o verificador, que também terá a sua chave pública, receberá prova das credenciais das pessoas para validação dos dados.
As credenciais enviadas poderão ser disponibilizadas de forma completa ou compartimentada de acordo com o interesse do usuário e da necessidade da relação virtual em questão.
De forma geral, a Identidade Digital Descentralizada com uso da tecnologia blockchain representa um grande fluxo de trocas de chaves públicas, sem que dados desnecessários sejam compartilhados ou possam ser capturados indevidamente.
Por ser um assunto com várias possibilidades de abordagem, a Identidade Digital Descentralizada, bem como a tecnologia blockchain, são temas do ciclo de webinars gratuitos da Escola Superior de Redes, durante novembro e dezembro.
Para se aprofundar no assunto e compreender esse universo de transformações digitais e atualizações que impactam a rotina online, fique por dentro dos temas já abordados no evento e prepare-se para os que estão por vir:
Assista ao Webinar produzido em 05/11 – Desafios para a criação de testbeds em blockchain
Assista ao Webinar produzido em 17/11 – Identidade Digital Descentralizada
Assista ao Webinar produzido em 19/11 – Aplicações da Tecnologia Blockchain: de Plataformas Multi Negócios para Corporações à Proteção de Direitos Autorais com NFT
Assista ao Webinar do dia 01/12 – Desafios de Ensino e Capacitação em Blockchain
Assista ao Webinar do dia 03/12 – A importância da padronização e governança para escalabilidade do Blockchain
“A identidade digital descentralizada pode fazer a diferença, porque combina uma nova tecnologia, como blockchains, com uma missão significativa de tentar dar às pessoas controle sobre suas identidades digitais. Ao mesmo tempo, talvez, faça da internet um lugar de confiança, a partir da troca de informações verificáveis” – Deny Stroke, Microsoft.