Saber quais são os KPIs e como estruturá-los na gestão de TI exige uma equação: clareza dos objetivos estratégicos × escolha das métricas certas × comunicação efetiva com stakeholders. Essa combinação transforma dados técnicos em insights que realmente orientam a tomada de decisão.
Para gestores, os indicadores servem para medir a eficiência da equipe, bem como para mostrar como a área de TI contribui diretamente para a geração de valor do negócio.
Nesse contexto, um erro comum em muitas organizações é olhar para os KPIs apenas como relatórios de Service Level Agreement (SLA, Acordo de Nível de Serviço em português) ou métricas de disponibilidade. Embora esses parâmetros sejam importantes, eles representam apenas a camada operacional.
Para que os KPIs sejam instrumentos estratégicos, é essencial que estejam conectados às metas organizacionais, como redução de custos operacionais, aumento de satisfação do usuário final, aceleração de projetos digitais e até impacto em receita.
Nesse sentido, os KPIs de TI deixam de ser “números internos” e passam a ser um idioma compartilhado entre tecnologia e negócios.
Outro aspecto que diferencia organizações líderes no desenvolvimento e na aplicação de indicadores de TI é o uso de benchmarking. Empresas e órgãos públicos que comparam seus KPIs com pares do setor conseguem identificar os aspectos da TI que devem ser melhorados e provocam melhorias nos processos.
A Gartner estima que os gastos globais com TI devem totalizar o montante de US$ 5,43 trilhões em 2025, um crescimento de cerca de 7,9% em relação ao último ano, impulsionado pela demanda por infraestrutura e inovação digital.
| “Embora haja uma pausa nos gastos líquidos por causa de um pico na incerteza global, o efeito é compensado pelas iniciativas contínuas de digitalização de IA e IA generativa (GenAI)”, afirma John-David Lovelock, vice-presidente analista da Gartner. “Por exemplo, espera-se que o crescimento dos gastos com software e serviços em 2025 desacelere em razão dessa ‘pausa de incerteza’, mas os gastos com infraestrutura relacionada com a IA , como sistemas de data center, continuem a aumentar.” |
Esse cenário intensifica a necessidade de indicadores bem estruturados. Afinal, sem mensuração de valor, gestores podem perder apoio da alta administração.
Ferramentas como Grafana (a plataforma interativa de visualização de dados open source), Power BI e Datadog (software que fornece um SaaS de observabilidade para serviços em nuvem), entre outros, já se consolidaram como recursos essenciais para visualizar métricas de TI em tempo real e torná-las acessíveis para quem não é técnico.
Também é fundamental definir cadências de revisão. KPIs de rotina podem ter frequência diária, semanal ou mensal, enquanto indicadores estratégicos merecem avaliação trimestral ou semestral. Essa periodicidade previne que métricas “perdidas” acumulem poeira em dashboards esquecidos.
Este artigo traz outras informações sobre o tema, em um guia completo e técnico para gestores de TI, líderes de equipes e responsáveis por governança estruturarem KPIs que meçam não só performance, mas impacto estratégico. Nele você encontrará:
- Características de um KPI eficaz (modelo SMART);
- As principais áreas da TI que devem ser medidas;
- Exemplos práticos de KPIs com definições e relevância;
- Processo de implementação realista;
- Erros comuns que comprometem todo o esforço;
- O apoio da ESR à sua equipe nesse caminho;
- FAQ prática para dúvidas frequentes.
Características de um KPI eficaz (modelo SMART)
Para que um KPI seja realmente útil, e não apenas mais um número no dashboard, ele precisa acompanhar o modelo SMART.
- Específico (Specific): o indicador precisa focar um aspecto único bem delimitado. Por exemplo, “reduzir o tempo médio de resposta a incidentes críticos para até uma hora” é preferível a “melhorar o tempo de resposta”. A especificidade evita ambiguidades e garante que todos saibam exatamente o que está sendo medido.
- Mensurável (Measurable): o KPI deve ter uma forma de mensuração clara, com dados confiáveis e fontes consistentes. Métricas subjetivas ou que dependem de interpretação aberta têm risco alto de enviesamento.
- Atingível (Achievable): a meta precisa ser realista, considerando recursos, equipe e contexto. Se o KPI for excessivamente ambicioso, pode gerar frustração e abandono do processo. Em contrapartida, se for pouco ambicioso, deixa o time na zona de conforto.
- Relevante (Relevant): o KPI precisa se conectar ao objetivo estratégico da organização ou do negócio. Um indicador técnico isolado, por melhor que seja, não acrescenta valor se não traduz resultado para a gestão.
- Temporal (Time-bound): deve haver prazo bem definido para acompanhar o indicador. Medir “simplesmente ao longo do tempo” carece de urgência e foco.
Citado pela primeira vez por George T. Doran, em 1981, em uma publicação na revista Management Review e popularizado por Peter Drucker, o método SMART, acrônimo das palavras elencadas anteriormente, auxilia diretamente a construção e as metas que realmente se adaptam às diferentes realidades.
Além disso, gestores de TI precisam valorizar quando indicadores têm comparativos históricos e benchmarks setoriais, como mencionado anteriormente. Dessa forma, é possível interpretar se um desempenho é bom ou precisa de melhoria.
Adaptar os KPIs ao contexto da organização (tamanho da equipe, maturidade tecnológica, setor de atuação) é parte da arte de torná-los estratégicos.
Áreas-chave da TI que você deve medir
Para evitar indicadores superficiais, é útil ter categorias bem definidas. Essas cinco áreas capturam a essência da operação de TI e sua contribuição estratégica:
- Disponibilidade de sistemas
Essa dimensão aborda a estabilidade e a acessibilidade de sistemas, servidores e aplicações. KPIs típicos incluem uptime, porcentagem de cumprimento de SLA e tempo de inatividade planejada versus não planejada.
Essa métrica é fundamental porque falhas impactam diretamente o negócio ou os serviços ao público. Por exemplo, um órgão público com portais indisponíveis perde a credibilidade.
Como gestor, você vai querer ver não só o valor do KPI, mas comparativos por período (dia, semana, mês) e alertas automáticos se a disponibilidade cair abaixo de thresholds (limite ou ponto de ativação que determina quando uma ação deve ser tomada em resposta a um evento específico) críticos.
- Performance de infraestrutura e aplicações
Aqui medimos latência, tempo de resposta, taxa de erros e consumo de recursos, como CPU, memória e rede.
Esses KPIs mostram se a infraestrutura está “aguentando o tranco”. Aplicações lentas geram insatisfação do usuário, aumento de chamadas ao suporte e retrabalho.
Você como gestor vai esperar dashboards que permitam filtrar por aplicação e horário de pico e correlacionar performance com eventos externos (por exemplo, picos de acesso ou deploys recentes).
- Produtividade e eficiência da equipe de TI
Indicadores como o número de tickets resolvidos por técnico, o tempo médio de resolução, o percentual de soluções por meio de automação e o backlog entram nessa categoria.
Esses indicadores de TI ajudam a entender em qual área o time está mais demandado e se existe gargalo operacional. Também permitem identificar oportunidades de treinamento ou automação.
Para um gestor, é valioso cruzar a produtividade com a carga de trabalho para evitar sobrecarga ou ociosidade, além de estabelecer metas claras de eficiência.
4. Custos operacionais versus resultados entregues
Essa categoria compara o investimento em TI com os resultados percebidos. Exemplos: custo por ticket, custo de downtime por hora e ROI de projetos de melhoria, entre outros.
Esse KPI é essencial para que a TI deixe de ser vista apenas como custo e passe a ser justificada como investimento estratégico.
Como gestor, invista em relatórios que mostrem o custo acumulado trimestre a trimestre, bem como o impacto no negócio (economia evitada, aumento de receita ou eficiência).
5. Satisfação do usuário interno/externo
Aqui entram métricas de Customer Satisfaction Score (CSAT), Net Promoter Score (NPS) e Customer Effort Score (CES), quando aplicáveis.
Esses KPIs conectam a TI aos diversos públicos que impacta: servidores, profissionais liberais, clientes e cidadãos.
Valorizar comparativos antes/depois de mudanças (upgrade, novo serviço) e correlações entre satisfação e outros KPIs (performance, disponibilidade) é interessante.
Exemplos práticos de KPIs na gestão de TI
Veja uma tabela com exemplos claros, definição e relevância:
| Categoria | KPI | Definição detalhada | Por que importa para o gestor de TI? |
| Disponibilidade | Uptime (%) | Percentual de tempo em que o sistema fica ativo e acessível | Fornece confiança aos usuários e permite medir se os SLAs estão sendo cumpridos |
| Incidentes | Mean Time to Recovery (MTTR) | Tempo médio para restaurar o serviço após uma falha | Reduz o impacto para o negócio e indica capacidade de resposta da equipe |
| Eficiência | Custo por ticket | Soma de custos (hora, ferramenta) dividida pelo número de tickets resolvidos | Ajuda a otimizar recursos e justificar investimentos |
| Inovação | Percentual de automação de processos | Percentual de tarefas manuais automatizadas | Indica evolução tecnológica e redução de retrabalho |
| Satisfação | CSAT/NPS | Índice de satisfação ou recomendação dado pelos usuários | Mostra o valor percebido pela TI no contexto do serviço |
Esses exemplos servem como pontos de partida. Com maturidade, você poderá expandir para KPIs compostos, métricas ponderadas e dashboards integrados entre TI e negócio.
Como implementar KPIs na gestão de TI de forma estruturada
Implementar indicadores eficazes exige disciplina e governança. Aqui está um plano em cinco etapas.
Etapa 1: alinhar os objetivos estratégicos da organização
Antes de definir qualquer métrica, a TI precisa entender quais são as metas do negócio (reduzir os custos, aumentar a confiabilidade, dar suporte à inovação…). Os KPIs devem emergir com base nesse alinhamento.
Etapa 2: selecionar métricas relevantes e viáveis
Evite medir tudo. Escolha indicadores que respondem diretamente a decisões. Priorize aqueles do quais você tem dados para mensurar com precisão.
Etapa 3: escolher ou construir dashboards eficientes
Use ferramentas como Power BI, Grafana e Datadog para consolidar e visualizar dados. Dashboards permitem cruzamentos entre KPIs e facilitam a leitura executiva.
Etapa 4: comunicar e educar stakeholders
Entregar um painel bonito não é suficiente. Apresente os KPIs aos líderes, explique o significado deles e mostre como eles impactam as metas corporativas. Envolva as partes interessadas no processo.
Etapa 5: revisar periodicamente e ajustar
Os KPIs precisam evoluir com a organização. Revise periodicamente, por exemplo, os KPIs operacionais mensalmente, os estratégicos trimestralmente. Ajuste metas, retire indicadores obsoletos e introduza novos conforme a maturidade aumenta.
Esse processo permite que os KPIs acompanhem o crescimento da TI sem se tornarem estáticos ou irrelevantes.
Erros comuns e armadilhas na implantação de KPIs na gestão de TI
Mesmo equipes experientes cometem deslizes ao longo da implementação de indicadores de TI. É o caso da seguinte lista:
- Excesso de métricas – ter 50 KPIs e nenhum foco resulta em dispersão.
- Indicadores sem conexão estratégica – medir performance técnica que não se traduz em impacto real.
- Índices desatualizados – dashboards com dados antigos confundem e perdem credibilidade.
- Variações no negócio ignoradas – não ajustar KPIs quando metas, mercado ou estratégias mudam.
- Falta de patrocínio executivo – sem o apoio da alta gestão, indicadores perdem relevância operacional.
Para evitar essas armadilhas, são necessários disciplina, governança e envolvimento constante da liderança.
Como a ESR pode apoiar sua equipe nesse processo?
Definir KPIs de TI exige tanto conhecimento técnico quanto visão de negócio. A ESR oferece consultorias educacionais, cursos impressos e trilhas especializadas que preparam equipes para:
- Construir indicadores realmente estratégicos.
- Operar dashboards e ferramentas de monitoramento.
- Conectar KPIs de TI a resultados organizacionais.
- Entender o universo da TI e quais indicadores são importantes para cada área.
- Promover cultura de medição contínua e melhoria constante.
Consulte as próximas turmas e capacite seu time.
FAQ: perguntas frequentes sobre KPIs na gestão de TI
1 – KPIs e métricas são a mesma coisa?
Não exatamente. Uma métrica é qualquer dado mensurável; um KPI é uma métrica que foi selecionada por seu impacto estratégico e alinhamento a certos objetivos.
2 – Quantos KPIs devo ter inicialmente?
Comece com cinco a sete indicadores estratégicos bem escolhidos. Aumente apenas se eles trouxerem novos insights acionáveis.
3 – Com que frequência deve-se revisar os KPIs?
Depende do tipo: operacionais, semanal ou mensal; estratégicos, trimestral. O importante é manter a cadência fixa.
4 – Posso usar ferramentas simples (Excel) para KPIs?
Sim, no começo. O crítico é garantir a confiabilidade dos dados, a clareza nas visualizações e as revisões periódicas.
5 – KPIs são úteis no setor público também?
Sim. Em órgãos públicos, os KPIs ajudam na transparência, accountability e justificativa de investimentos tecnológicos para a sociedade.






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