O que está por trás do universo da Edge Computing e por que você deveria saber disso? É o que vamos abordar a partir de agora, por meio do seguinte guia:
- O que é Edge Computing?
- Quais problemas a Edge Computing visa resolver?
- Qual a diferença entre Cloud Computing e Edge Computing?
A tecnologia Cloud Computing representou uma mudança de paradigma sem precedentes, traduzida na troca significativa dos ativos sistêmicos proprietários por serviços em nuvem. O recurso – cujo termo foi utilizado pela primeira vez em 1996 – oferecia benefícios importantes para os setores de tecnologia e para as empresas em geral, como a redução dos custos e a simplificação de questões de pessoal de TI. Por esse motivo, não demorou para se popularizar e figurar como uma das principais formas de utilização para a sistematização dos processos de negócios do mundo.
A exemplo disso, os gastos com produtos de infraestrutura de computação e armazenamento para implementações em nuvem aumentaram 36,9% no primeiro trimestre de 2024, chegando aos 33 bilhões de dólares (178,5 bilhões de reais). Os dados, divulgados pelo relatório Worldwide Quarterly Enterprise Infrastructure Tracker, da IDC, fizeram a empresa estimar também que os gastos totais com esses recursos serão de 138,3 bilhões de dólares até dezembro, um aumento de 26,1% em relação a 2023.
No mesmo sentido, o Relatório Global Tech Trends 2024, da Red Hat, identificou que uma das principais preocupações dos líderes de tecnologia, atualmente, está associada à otimização da nuvem.
Na pesquisa do Red Hat mencionada anteriormente, mostrando os cinco principais resultados, essas foram as respostas encontradas para o questionamento: “Nos próximos 12 meses, quais são as principais prioridades de investimento no gerenciamento geral da TI em sua empresa?”
Nesse cenário efervescente, a Edge Computing surge como uma resposta à demanda crescente por avanços e inovação tecnológica não apenas para complementar a infraestrutura de nuvem existente, mas para expandir as suas possibilidades.
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O que é Edge Computing?
Uma das principais tendências de tecnologia do mercado, a Edge Computing (Computação de Borda) representa uma perspectiva de computação em nuvem que funciona por meio da descentralização. Por esse motivo, a inovação consegue lidar com uma maior quantidade de dados e dispositivos conectados sem comprometer o seu desempenho.
Diferentemente da Cloud Computing tradicional, na qual os dados são enviados para um conjunto de servidores centrais, processados e mandados de volta para o dispositivo utilizado pelo usuário, na Edge Computing, esse recurso ocorre por meio de gateways, ou seja, os gateways operam como “máquinas intermediárias”, posicionadas mais próximas dos locais em que o aparelho se encontra, e são responsáveis por analisar as informações em um tempo de resposta e carga de trabalho dos servidores reduzido.
Trata-se, portanto, de um recurso que visa aproximar o processamento de dados dos dispositivos e dos usuários finais, sendo uma excelente alternativa para um contexto permeado cada vez mais por dispositivos e aplicações guiadas pela Internet das Coisas (IoT).
Para lidar com o fluxo crescente de informações e pontos conectados à rede, a Edge Computing descentraliza o armazenamento e o processamento de informações, desobstruindo a nuvem. Assim, podemos defini-la como uma arquitetura de computação distribuída que traz o processamento e o armazenamento de dados para mais perto da fonte na qual esses dados são gerados, como sensores, dispositivos IoT ou outros aparelhos conectados.
Como resultado, há uma resposta mais rápida e eficiente, além de uma latência otimizada, o que alivia a carga sobre os data centers centrais e a torna ideal para aplicações que exigem processamento em tempo real e alta disponibilidade.
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Quais problemas a Edge Computing visa mitigar?
Para compreender o conceito e a que se propõe a Edge Computing, é necessário observar três aspectos associados ao funcionamento da internet, quais sejam:
- Banda (velocidade) – algo como quantos bits por segundo um cabo de fibra óptica ou uma antena de celular e o ar são capazes de levar/ordenar;
- Latência (tempo) – quanto tempo demora para um dado sair do computador e chegar ao servidor na outra ponta, levando em consideração que quanto maior a distância entre esses elementos, maior o tempo necessário;
- Congestionamento – o que ocorre quando muitos dispositivos estão conectados e impedem que os dados sejam processados da mesma forma.
Juntos, esses três pontos configuram uma base importantíssima de atenção à condução de negócios, uma vez que a tolerância dos consumidores para o tempo de resposta de uma conexão é de 2 a 3 segundos.
Isso significa dizer que, em uma compra on-line, qualquer comprometimento em alguns dos aspectos mencionados anteriormente poderá refletir no abandono da operação, bem como em prejuízos financeiros que podem até ser significativos para as empresas.
Nesse contexto e tendo em vista a implementação do 5G, que possibilita reduzir a latência e torna a internet cada vez mais complexa, mais rápida e eficiente, a Edge Computing promete driblar esses desafios, reduzindo a distância entre a fonte de dados e o processamento, o que minimiza os impactos do congestionamento e da largura de banda limitada.
Dessa forma, a experiência do usuário passa a ser priorizada, por meio de uma conexão mais rápida e confiável mesmo em situações de alta demanda.
Além disso, com a Edge Computing, operações críticas, como compras on-line, reconhecimento facial, processamento pesado de vídeos, cirurgias remotas, carros autônomos, etc., podem ser viabilizadas em uma sistemática de funcionamento efetiva e eficiente.
Na prática, na “computação de borda”, ao invés de haver um parque de servidores central, o processo é descentralizado e os servidores agora ficam alocados mais próximos de onde os dados são gerados – algo como na figura abaixo:
A edge computing aproxima a fonte de dados e o processamento, resultando em uma conectividade mais consistente, rápida e sem congestionamentos.
Objetivos da edge computing
Com a proposta de trazer os servidores para mais perto de quem precisa processar os dados, a Edge Computing reduz a latência, aprimora o desempenho das aplicações e permite maior eficiência em sistemas de TI, especialmente em áreas como IoT e automação industrial.
Veja outros objetivos e benefícios dessa tecnologia:
● Dar respostas rápidas a problemas complexos;
● Possibilitar o funcionamento de parques industriais com muitas máquinas autônomas que demandam respostas rápidas dos servidores;
● Otimizar as cadeias varejistas que intercalam controle de estoque, promoções em lojas físicas e e-commerce;
● Facilitar o uso de dispositivos IoT ao garantir que, quando conectados, possam operar de forma eficiente e em tempo real, sem depender de conexões de longa distância;
● Aprimorar a segurança dos dados, de modo que informações sensíveis sejam processadas localmente, reduzindo a exposição e os riscos associados ao seu envio para servidores distantes;
● Melhorar a experiência de realidade aumentada e virtual, por meio da latência mínima e do processamento rápido, essenciais para aplicações imersivas;
● Oferecer suporte a redes de veículos autônomos, por meio de uma comunicação rápida e eficiente entre estes e infraestruturas rodoviárias;
● Otimizar as redes de telecomunicação ao distribuir o processamento para aliviar a carga nos data centers centrais, o que melhora a qualidade do serviço;
● Facilitar o monitoramento e o controle do processamento de dados em tempo real;
● Garantir a continuidade de serviços em áreas remotas em que a conectividade à internet pode ser limitada ou intermitente.
Qual a diferença entre Cloud Computing e Edge Computing?
Embora tanto a Cloud Computing quanto a Edge Computing sejam pilares essenciais na transformação digital e da nuvem, elas se diferenciam, principalmente, em relação a como e onde o processamento de dados ocorre. Além disso, possuem divergências quanto aos seus objetivos quando contratadas por empresas.
Enquanto a Cloud Computing oferece uma solução que terceiriza parques de servidores e todas as suas atribuições (segurança, manutenção, pacote de produtos), representando uma mitigação de dados e pessoal, a Edge Computing visa garantir a disponibilidade de servidores parrudos para armazenar e processar dados complexos mais perto de onde eles são capturados/gerados.
Essa distinção impacta diretamente aspectos como latência, segurança e eficiência, tornando cada tecnologia mais adequada para diferentes tipos de aplicação. Veja os destaques na tabela abaixo:
Cloud Computing | Edge Computing | |
Localização do processamento | Data centers centralizados e remotos | Próximo à fonte de dados |
Latência | Geralmente é maior por causa da distância entre usuário e servidor | Menor, pois o processamento ocorre próximo ao usuário |
Escalabilidade | Altamente escalável, com recursos virtualmente ilimitados | Escalabilidade limitada ao hardware disponível na borda |
Segurança | Maior risco de exposição durante o trânsito de dados | Maior segurança, com processamento e armazenamento local dos dados |
Conectividade | Depende fortemente de uma conexão de internet robusta | Pode funcionar em áreas com conectividade limitada ou intermitente |
Aplicações típicas | Processamento de grandes volumes de dados, armazenamento a longo prazo | Aplicações em tempo real, IoT, AR/VR, veículos autônomos, etc. |
Principais diferenças entre a cloud computing e a edge computing
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Entendemos, por fim, que o tema Edge Computing representa um avanço significativo na forma como processamos e gerenciamos dados, sendo uma opção efetiva às limitações da Cloud Computing tradicional.
Em contextos que exigem baixa latência e processamento em tempo real, por exemplo, é um recurso interessantíssimo, pois é capaz de reduzir a distância entre a origem dos dados e o processamento deles. Além disso, com o crescimento exponencial de dispositivos conectados e a expansão da tecnologia 5G, essa abordagem descentralizada promete continuar transformando setores inteiros, desde o varejo até a indústria automotiva, assegurando operações mais eficientes e uma experiência superior do usuário.
Para se ter uma ideia da aposta do mercado na direção dessa tecnologia, de acordo com a Associação Brasileira de Internet (Abranet), em 2024, 60% dos mais de 157 ZB alcançados no universo de dados estarão concentrados nos endpoints e em Edge Computing.
Assim, à medida que a internet fica complexa e as demandas por conectividade aumentam, entender e implementar soluções de Edge Computing se torna um processo natural, além de fundamental para que as empresas permaneçam competitivas e inovadoras em um mercado global cada vez mais dinâmico e exigente.
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