Quando uma organização e seus colaboradores conhecem as etapas do Design Thinking, a tomada de decisão se torna mais ágil, inovadora e centrada no usuário.
Essa abordagem criativa de resolução de problemas se encaixa perfeitamente na rotina corporativa, sobretudo em áreas que demandam dinamismo, como TI, ciência de dados e empreendedorismo digital. Afinal, pensar diferente do “caminho tradicional” passou a ser uma necessidade competitiva.
Embora seja popular entre startups e negócios digitais, o Design Thinking pode ser aplicado em praticamente qualquer setor, inclusive em órgãos públicos que buscam modernizar processos ou em equipes multidisciplinares que precisam alinhar os desafios que necessitam de resolução e gerar soluções inovadoras.
Neste artigo, você vai compreender o conceito, visualizar suas principais fases e conhecer ferramentas para aplicar a abordagem do Design Thinking de forma prática em projetos de tecnologia e inovação.
O que é Design Thinking?
Como o próprio nome sugere, o Design Thinking é uma abordagem que combina ferramentas e métodos do design para resolver problemas de maneira criativa, colaborativa e não linear.
A ideia central é enxergar o desafio sob diferentes perspectivas, priorizando sempre as necessidades reais das pessoas envolvidas, ou seja, dos potenciais usuários.
Por isso, essa metodologia coloca a capacidade humana em evidência, unindo criatividade e empatia na busca por soluções que resolvem os problemas reais.
A especialista no tema Katja Tschimmel define o conceito como “um processo de pensamento para conceber novas realidades, expressando a introdução da cultura do design e seus métodos em áreas como inovação empresarial, social e do ensino”.
Na prática, ele não se resume a post-its coloridos e mapas mentais. É um processo que, aplicado corretamente, deve atender a pré-requisitos como:
- Ser uma abordagem colaborativa, por isso demanda que a equipe converse e comunique suas ideias e percepções.
- Ser aplicado em grupos multidisciplinares e com integrantes com bagagens culturais diversas. Isso acarreta soluções mais inclusivas, que abarcam um universo maior de possibilidades.
- Permitir que todos os participantes sejam protagonistas do processo.
- Priorizar as necessidades reais dos indivíduos.
- Colocar as necessidades humanas no centro do debate.
É com base nesses temas e nas dinâmicas de engajamento dos times que as etapas do Design Thinking são capazes de criar soluções mais inovadoras para os consumidores finais ou para o aprimoramento dos processos internos das empresas.
Assim, para times de tecnologia, o Design Thinking é uma ótima forma de voltar a mentalidade dos desenvolvedores e dos demais profissionais para compreender as necessidades dos usuários e os possíveis atritos em suas experiências.
Inclusive, Anill Tibe, cientista em Inteligência Artificial, ratificou a importância de integrar a área de ciência de dados às estratégias de Design Thinking como forma de encontrar respostas para problemas que sempre ocorrem com equipes de Data Science.
Por isso, a compreensão das etapas do Design Thinking é valorizada em equipes de tecnologia, em que a integração com metodologias ágeis e ciência de dados potencializa os resultados.
As 5 etapas do Design Thinking
Não é novidade que o mercado está cada vez mais acelerado e os usuários, mais exigentes.
Em outras palavras, isso significa dizer que as soluções corporativas precisam representar, de fato, alguma melhoria para seu consumidor ou para a sociedade.
Entenda, a seguir, como as etapas do Design Thinking contribuem para esse objetivo.
1) Etapa da imersão ou etapa da empatia
Nessa etapa do Design Thinking, o objetivo é compreender, por meio de um olhar empático, qual é o cenário do problema enfrentado pela organização e seus clientes ou o cenário no qual se deseja inserir um novo serviço ou produto.
Os participantes – por meio de avaliações como Pesquisa Desk, observação e entrevistas com usuários – buscam elementos que os auxiliam a enxergar vários lados de uma mesma situação. É aqui, por exemplo, que há busca por referências sobre temas relacionados e por pontos de vista da empresa e também dos consumidores ou usuários finais.
Geralmente, ferramentas como Mapa de Empatia, Personas e Jornada do Usuário são bastante utilizadas.
Podemos dizer que a primeira etapa equivale a um mergulho em direção ao problema.
2) Etapa da análise ou etapa da decisão
Com base nas informações coletadas, o Design Thinking precisará sintetizar o que foi discutido na etapa anterior para, de fato, delinear/delimitar o problema.
Podemos dizer que é nesse momento que há a separação do “joio e do trigo”. O objetivo da análise é entender os dados, as referências e os conteúdos compilados sobre os atritos e as frustrações dos usuários, que, em seguida, poderão dar origem às estratégias de criação de um novo produto, serviço ou processo.
É o momento de transformar uma massa de informações em decisão estratégica.
3) Etapa da ideação
A ideação compreende a geração de ideias alinhadas aos desafios priorizados na etapa anterior com uma apresentação do que foi elaborado até então, sem julgamento.
Portanto, recomenda-se que os colaboradores pensem fora da caixa e ousem em suas explanações. E é exatamente por isso que o Design Thinking demanda uma equipe multidisciplinar, diversa e heterogênea.
Ferramentas como brainstorming, cardápio de ideias e matriz de posicionamento podem potencializar essa fase.
Para tanto, é importante que ninguém se sinta constrangido e que a comunicação ocorra livremente entre os membros do projeto.
Nessa ocasião, pontos que precisam ser aprimorados também podem ser identificados.
4) Etapa do protótipo
Depois de percorrer todos esses caminhos e etapas do Design Thinking, a equipe seleciona oficialmente as ideias mais promissoras para a resolução do problema.
Além disso, há a definição dos planos de ação e das metas do projeto, bem como a testagem dos protótipos dos produtos e serviços criados por meio da metodologia ágil.
Somente depois dos testes, que podem conter vários ciclos e períodos de comparação entre uma opção e outra, é que os colaboradores decidem se uma ideia está apta a ser implementada imediatamente ou se deve passar por melhorias.
5) Etapa da implementação
A última etapa do Design Thinking é a mais aguardada entre gestores e profissionais de uma organização.
Afinal, é na implementação que vem após o desenvolvimento das demais fases anteriores que a ideia ou a solução do problema é apresentada ao público.
Depois da testagem, há a garantia de que o projeto está apto a ser lançado no mercado ou que a solução está pronta para ser utilizada nos processos internos do negócio.
Design Thinking e outras metodologias de inovação
Quando falamos em metodologias de inovação, o Design Thinking não é a única opção. Ao longo dos últimos anos, outras abordagens ganharam espaço, como Lean Startup, Agile/Scrum e Design Sprint, cada uma com um foco distinto.
O ponto em comum entre elas é o alinhamento ao Manifesto Ágil, lançado em 2001, que estabeleceu princípios de colaboração, adaptabilidade e entrega de valor contínuo.
Mais de duas décadas depois, essas práticas continuam sendo exploradas, mas com diferentes graus de maturidade e resultados nas organizações.
Veja a comparação:
| Metodologia | Foco principal | Aplicação típica | Diferença-chave |
| Design Thinking | Usuário e experiência | Criação de soluções centradas no ser humano | Baseado em empatia, colaboração e prototipagem iterativa |
| Lean Startup | Produto mínimo viável (MVP) | Startups e novos negócios | Validação rápida de hipóteses de mercado |
| Agile/Scrum | Entregas contínuas | Desenvolvimento de softwares e projetos de TI | Gestão em ciclos curtos, com foco em adaptação |
| Design Sprint | Validação rápida | Testes de ideias em até 5 dias | Processo intensivo e de curta duração criado pelo Google Ventures |
Entre essas opções, o Design Thinking se destaca pela flexibilidade e pela centralidade no usuário, mas, em muitos projetos, sua aplicação é ainda mais poderosa quando combinada com métodos ágeis ou o Lean Startup.
Tal integração aprimora o pensamento criativo, bem como valida e escala soluções em tempo recorde.
Qual a relevância da metodologia ágil e das etapas do Design Thinking para os próximos anos?
No evento Agile Trends 2025, a Deloitte entrevistou 422 profissionais de diversos setores para mapear o estado atual da transformação ágil nas empresas brasileiras.
Com acesso a esses dados, Rafael Ferrari, sócio de Strategy & Business Design e líder de Soluções de Inovação da Deloitte, traçou um retrato que mostra que houve avanços importantes nesse contexto, mas também desafios persistentes.
De acordo com o profissional, os dados a seguir foram os de maior relevância do estudo:
- Apenas 32% das empresas se consideram totalmente ágeis, com práticas integradas e foco em resultados de negócio;
- 37% adotam práticas estruturadas, mas ainda enfrentam barreiras de escala;
- 17% estão em transição, expandindo práticas de forma gradual;
- 13% ainda exploram agilidade em iniciativas isoladas, sem impacto sistêmico.
O que os números evidenciam é que “fazer ágil” não é o mesmo que “ser ágil”. Muitas organizações adotam rituais e frameworks, mas falham em gerar valor real.
Assim, o foco para os próximos anos precisa ir além da adoção metodológica: é necessário conectar estratégia, cultura e execução.
Barreiras para a transformação ágil
Ainda conforme os resultados da pesquisa Deloitte, as principais dificuldades apontadas pelos respondentes em relação à implementação da agilidade foram:
- 43% – resistência cultural.
- 21% – barreiras estruturais e legados organizacionais.
- 17% – dificuldade em evidenciar valor.
- 13% – falta de clareza nos objetivos da transformação.
- 8% – baixo engajamento da liderança.
Ou seja, a transformação não falha por falta de frameworks, mas pela ausência de propósito claro e resultados percebidos.
O papel da IA na agilidade
Nesse contexto, a inteligência artificial emerge como um vetor de profusão das etapas do Design Thinking.
Quando a metodologia ágil é potencializada por inteligência artificial, amplia sua relevância como ferramenta de transformação digital. Ele deixa de ser apenas uma abordagem criativa e passa a integrar uma estratégia organizacional de ponta, capaz de conectar pessoas, processos e tecnologia em busca de inovação sustentável.
Um dado interessante, destacado por Rafael Ferrari, é que 70% das empresas já utilizam a inteligência artificial em algumas práticas ágeis, especialmente em atividades de planejamento e análise de dados. No entanto, a aplicação ainda é incipiente e exploratória.
Casos bem-sucedidos mostram que a IA pode ajudar na priorização de backlog, no PI Planning e em análises de produtividade, mas seu impacto estratégico ainda depende de maior maturidade.
Ou seja, a próxima onda da transformação ágil passa pela integração estruturada da IA como aceleradora da inovação e da eficiência organizacional.
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Conclusão
De modo geral, o importante das etapas do Design Thinking é a adequação da técnica às especificidades de cada empresa e de cada projeto.
Como uma alternativa mais criativa de resolução de problemas ou de criação de produtos, serviços e processos mais arrojados, a atividade acaba impulsionando o desenvolvimento de outras áreas do negócio.
É bastante comum, por exemplo, que a comunicação, o trabalho em equipe e o aprendizado contínuo, entre outras habilidades, sejam potencializados em empresas que usam o Design Thinking.
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