Talvez ainda seja comum associar os reflexos da IA na cibersegurança a um espectro negativo, uma vez que a tecnologia possui pouca regulamentação e se transforma em ritmo acelerado, o que também exige do setor de TI uma adaptação constante.
Entretanto, distanciado o senso comum, sabe-se que a inteligência artificial (IA) pode contribuir para uma cibersegurança global mais pujante e que consegue dar conta de problemas que, agora, ultrapassam a capacidade humana de observação e a sua escalabilidade de trabalho.
Os ataques e as ameaças às estruturas de rede organizacionais continuam crescendo e encontrando maneiras de driblar as estratégias e políticas de segurança mais tradicionais. É nesse sentido que apostar em inovação, como a IA, tem se mostrado uma alternativa importante para subverter o problema.
Neste artigo, vamos conversar mais sobre a relação entre a IA e a cibersegurança e os caminhos possíveis para uma nuvem mais harmônica.
6 reflexos da IA na cibersegurança
O cenário sem precedentes de ataques, crimes cibernéticos sofisticados e mais pessoas conectadas à rede acendeu um alerta nas equipes de segurança da informação: como adaptar as políticas e ferramentas de segurança a esse ritmo de eventos acelerados e como identificar com assertividade quais deles são realmente suspeitos?
A resposta está no uso de tecnologias baseadas em IA, as quais são capazes de transformar essa avaliação crítica em um processo automatizado, que analisa uma grande quantidade de dados em velocidade recorde.
Nesse sentido, veja os principais efeitos da IA na cibersegurança na lista destacada a seguir:
1) Um passo além na avaliação big data
A IA e o seu subconjunto ML são ferramentas que operam, como o nome da última indica, por aprendizado. Juntas, ao observarem uma grande quantidade de dados de forma metodológica e automatizada, ou seja, com múltiplos eventos de maneira processual, conseguem identificar novos tipos de ameaça de maneira precisa. Isso ocorre uma vez que a tecnologia, segundo a leitura big data, estabelece um padrão de comportamento e cria perfis de usuários ativos e redes, sendo possível detectar e responder a desvios das normas estabelecidas pela organização. É como se as equipes de segurança saíssem da dinâmica de “apagar incêndios” e pudessem prever quando esses incêndios iriam ocorrer, onde e como impedir que eles sequer começassem.
Aqui você pode se perguntar: do que isso se distingue da análise de dados (AD) já amplamente difundida e utilizada nas empresas? Objetivamente, enquanto a AD não é interativa, tampouco gera autoaprendizado, representando uma análise estática dos dados já estabelecidos, a IA refere-se a tecnologias que podem entender, aprender e agir com base em informações adquiridas e derivadas. Em outras palavras, isso significa dizer que a IA fica “mais inteligente” cada vez que faz a análise de dados, de eventos e ameaças, refinando a sua aplicação e tornando-se autônoma.
Com isso, um dos principais reflexos da IA na cibersegurança é levar a análise de eventos e ameaças a outro patamar, otimizando a política de segurança da informação dos negócios.
2) Novas dinâmicas de trabalho para as equipes humanas
De maneira geral, a IA é representada por três modelos – inteligência assistida (melhora o que as pessoas e as empresas já fazem); inteligência aumentada (permite às empresas e pessoas fazerem coisas que de outra forma não poderiam) e inteligência autônoma (ainda em desenvolvimento, permitirá que as máquinas possam agir por conta própria). Dentro dessas possibilidades de uso da IA, há a operação de outros elementos, que igualmente tem se popularizado, como aprendizado de máquina (ML – Machine Learning), sistemas especialistas, redes neurais e aprendizado profundo.
Exemplos ou subconjuntos da tecnologia de IA: atualmente, cada um deles é capaz de contribuir distintamente para a análise de informações da rede, aprendendo e melhorando progressivamente o seu desempenho.
A IA automatiza a detecção de ameaças e, quando comparada com abordagens tradicionais baseadas em software, tem a habilidade de responder, de maneira mais eficaz e com maior efetividade, às possibilidades de ataque às informações de uma empresa, por exemplo. Assim, as equipes humanas passam a contar com uma tecnologia que analisa dados e executa a correlação de padrões de milhões a bilhões de sinais relevantes para a superfície de ataque da empresa, de modo que elas podem direcionar os seus esforços para outras demandas.
3) Disponibilização de um inventário preciso de ativos de TI
Como a IA consegue analisar uma enorme quantidade de dados e se tornar autônoma nessa atividade, também reflete a possibilidade de as equipes de segurança da informação mapearam a operação de toda a sua rede em tempo hábil, para barrar incidentes ou ameaças com celeridade.
A IA permite o levantamento de um inventário com informações relevantes e precisas acerca dos dispositivos, usuários e aplicativos com acesso a um sistema de informação, bem como realiza a avaliação da criticidade de cada um dos pontos da rede e do negócio. Com esse relatório em mãos, os gestores de SI podem realizar melhorias nos processos e na política de segurança.
4) Adoção de uma postura preventiva e mais estratégica
Os hackers também acompanham as tendências em tecnologia. Por isso, um dos importantes reflexos da IA na cibersegurança é dar às empresas uma atuação preditiva em relação às ações desses criminosos.
Os sistemas pautados em IA podem indicar quais são as ameaças globais que se destacam em determinado período, além dos setores específicos em cada negócio, auxiliando as empresas a se precaverem de incidentes futuros.
5) Maior efetividade dos programas de segurança já implementados
A IA também proporciona melhor entendimento dos pontos críticos, de aprimoramento e de desempenho de um programa Infosec, visto que pode fazer a leitura e interpretação dos padrões estabelecidos na metodologia utilizada até o momento. Dessa forma, implementar a IA na cibersegurança é também apostar na otimização contínua dos programas de segurança de uma empresa.
6) Melhor alocação de recursos de segurança
Por meio do conhecimento e do uso de todos os reflexos da IA na cibersegurança elencados anteriormente, os gestores das áreas de segurança da informação conseguem melhor empregar os recursos destinados à potencialização dos programas de Infosec.
Os sistemas baseados em IA podem prever em que parte é mais provável que a rede de uma organização seja violada. Diante disso, se torna menos complexa e mais estratégica a ação de planejar a aplicação de ferramentas e recursos para as áreas que estão mais frágeis e sofrem mais riscos.
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Além desses, outros reflexos da IA na cibersegurança são evidentes, como é o caso do aperfeiçoamento das ações de resposta a incidentes e da facilidade na implementação de boas práticas de segurança cibernética, contribuindo para a redução da superfície de ataque e para a mitigação da tradicional e conhecida postura de perseguição de atividades maliciosas.
Ainda assim, embora esse cenário da IA e cibersegurança seja preponderantemente otimista, há desafios que demandam atenção das empresas e dos profissionais de TI.
A exemplo disso, da mesma forma que a inteligência artificial pode ser implementada para ir de encontro aos cibercrimes, pode também ser utilizada para potencializar as ameaças e torná-las capazes de derrotar as defesas criadas.
Dessa forma, à medida que a IA, o ML e os demais subgrupos da inteligência artificial se desenvolvem e se tornam parte integrante da rotina dos usuários, empresas e profissionais de TI precisam estar um passo à frente, assumindo a inovação como alicerce.
A parceria homem-máquina pode encontrar respostas poderosas e inéditas para diversos problemas. Mas, para isso, precisamos aceitar que este é um cenário sem retorno.
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